Se os grandes navios de carga e contentores optarem pelo uso de combustíveis, poderia surgir a necessidade de empregar diferentes óleos de motor para fazer frente às condições dentro e fora das ECA. Em alto mar seriam ainda necessários óleos com alto TBN (TBN 100 a TBN 140) para utilizar com os HFO e óleos com um menor TBN (TBN 40 ou inferior) quando os barcos mudam de combustível nas ECA, com especial atenção para a limpeza e proteção necessárias quando se emprega GNL, já que a utilização contínua de um óleo com alto teor TBN juntamente com estes combustíveis poderia dar lugar a uma formação de resíduos no conjunto de pistão que implicaria desgastes muito elevados do cilindro. Em poucas palavras, teríamos que fazer uma mudança do lubrificante a bordo de cada vez que se alterasse o combustível empregue.

A corrosão fria, outro fator importante a ter em conta
Face a estas limitações ambientais cada vez mais restritivas e a necessidade urgente de reduzir os custos com a exploração, apresentam-se aos armadores opções de como investir em novos motores com cursos do pistão mais largos ou modificar os motores existentes para permitir que funcionem com baixa carga (também conhecida como a navegação lenta).
Embora estas estratégias reduzam o consumo de combustível, também são propensas a sofrer da denominada “corrosão fria”, através da condensação da água nas zonas mais frias das paredes dos cilindros; água que reage com o dióxido de enxofre dos gases de combustão, formando ácido sulfúrico, aumentando assim o desgaste por corrosão das camisas fundidas. Esta corrosão fria produz-se inclusive quando se realizam exclusivamente combustíveis baixos em enxofre e ainda que para prevenir os seus efeitos, a única solução atual é a de utilizar lubrificantes com um elevado TBN, os fabricantes de aditivos como a Infeneum ou de lubrificantes como a Olipes, estão a trabalhar atualmente em novas formas de a prevenir, com fórmulas inovadoras com um TBN inferior a 100. Se bem que estes avanços nas fórmulas dos lubrificantes terão que ser combinados com regimes de trabalho dos motores mais perto do ponto de desempenho ideal e a instalação de equipamentos adicionais, tais como supressores do turbo compressor.
Apesar dos avanços que se estão a verificar nas fórmulas, atualmente não existe uma solução universal, com um único lubrificante para todo o tipo de combustíveis e condições de operação, sendo a opção mais inteligente e a que recomendamos na Olipes, combinar com cada tipo de combustível, o lubrificante mais adequado.
Ainda que seja provável que os fabricantes dos equipamentos de origem (OEM) optem por recomendar lubrificantes de motor adequados para o combustível mais problemático (HFO de alto teor de enxofre), não devemos descartar a opção de que, no futuro, façam esta combinação de lubrificante-combustível nas suas recomendações.
*A data de implementação prevista para o dia 1 de janeiro de 2020 poderia ser alargada até 2025 de acordo com a decisão tomada na próxima revisão dos regulamentos, em 2018, e o principal fator a ter em conta para colocar em marcha este alargamento será a disponibilidade no mercado de combustíveis, de GNL e de lubrificantes adaptados e a eficácia dos purificadores de gases.
Fontes consultadas: www.imo.org / www.dupont.com / www.dieselnet.com / www.boe.es / www3.epa.gov / www.infineuminsight.com.